PHDA

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A PHDA é hoje uma das perturbações mais comuns na infância e na adolescência. As principais características são a desatenção, a atividade motora excessiva, a impulsividade e a incapacidade de modular a resposta a estímulos, sendo estas características inadequadas à etapa de desenvolvimento na qual a criança se encontre. Sabe-se que esta perturbação tem uma forte componente hereditária, ainda que o ambiente tenha importância fundamental no desenvolvimento e manifestação da mesma.

A manifestação dos sintomas de PHDA variam de acordo com a idade, sendo que o diagnóstico em crianças com menos de 5 anos deve ser cauteloso. Ainda assim, podem ser já́ sinais de alerta o temperamento instável, episódios de choro frequente, sono agitado ou interrompido, agitação excessiva, necessidade de supervisão constante e a frequente perda de interesse em brinquedos.

O diagnostico normalmente é feito durante os primeiros anos de escolaridade. Para isso, contribuem uma maior interação entre pares e comparação com os mesmos, e um aumento das exigências, como mais atenção, obediência, seguir instruções e ficarem parados por mais tempo.

A presença de um diagnóstico de PHDA acarreta problemas não só́ para as crianças, mas também para toda a rede social, nomeadamente a escola e a família, afetando de modo adverso o ajustamento psicossocial. Estas crianças, com frequência são rejeitadas pelos pares ou vítimas de bullying, existe um maior risco de perturbações antissociais, maior ocorrência de acidentes e um pior rendimento académico/laboral. Frequentemente, encontram-se outras patologias associadas tais como as perturbações especificas do neurodesenvolvimento como por exemplo a dislexia ou autismo, as perturbações emocionais, onde se inserem os quadros ansiosos e depressivos e ainda as perturbações de conduta tais como o comportamento de oposição.

A PHDA é uma perturbação que tende a permanecer na idade adulta ainda que, com uma redução significativa de alguns sintomas, nomeadamente os comportamentais, sendo os de desatenção mais evidentes.

Quais os principais sintomas?

De acordo com o DSM-V (APA, 2014), a PHDA classifica-se em três subtipos distintos, tendo em conta o padrão comportamental dominante.

Subtipo predominantemente hiperativo/impulsivo: neste subtipo predominam os problemas comportamentais, onde se observa a agitação psicomotora, o falar em demasia, a baixa tolerância à frustração, a procura constante pela atenção do outro, o desafio de regras, dificuldade em aguardar a sua vez, frequentemente interferem nas atividades alheias, levantam-se quando não era suposto, correm e saltam em excesso e têm dificuldade em participar em jogos ou atividades calmas de lazer.

Subtipo predominantemente desatento: nesta variância predominam os problemas de atenção e de concentração, a hipoatividade, a lentificação no processamento de informação, a confusão mental e a inibição social. Estas crianças dificilmente atentam os detalhes, resultando isto em erros sucessivos, falta de organização e dificuldade em concluir tarefas. Adicionalmente, muitas vezes parecem não estar a ouvir quando lhes falam diretamente. Crianças portadoras deste subtipo de PHDA distraem-se facilmente com as suas próprias memórias internas, assim como qualquer estímulo externo. Frequentemente, prestam atenção a tudo à sua volta sem conseguirem definir um estímulo prioritário. É comum verificar-se o evitamento de atividades que exijam um esforço mental mantido, perderem objetos necessários ou esquecerem-se de realizar atividades do dia a dia.

Subtipo combinado ou misto: podem observar-se os sintomas dos dois anteriores, ou seja, manifestam não só́ inquietação motora, mas também inquietação intelectual e mental.

Quais os tratamentos para a PHDA?

A intervenção na PHDA deve ser holístico e multidisciplinar e envolver os diversos contextos da criança (escola, família e atividades sociais). Assim, é importante o acompanhamento psicoterapêutico de pais e crianças e a colaboração de outras pessoas significativas como professores, com vista a promover e monitorizar mudanças cognitivas, comportamentais e emocionais. A terapia farmacológica, embora não devendo ser a primeira opção, deverá ser encarda como uma aliada, tendo em conta as evidências da sua eficácia na PHDA. Idealmente, a intervenção deve ser complementada com sessões de estimulação neurocognitiva sendo que a os avanços científicos na área da neurociência demonstram alterações em determinadas zonas do cérebro que implicam as principais funções cognitivas/executivas (controlo inibitório, atenção, memória de trabalho, planeamento, flexibilidade cognitiva, velocidade de processamento de informação, linguagem, motricidade e perceção). Assim, tendo por base a teoria da plasticidade cerebral, a prática repetida de exercícios adequados é capaz de estimular vias alternativas melhorando a funcionalidade das funções cognitivas afetadas.

Sandra Henriques
Psicóloga Clínica

Fontes
APA. (2014). DSM – 5. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, 5a Edição. Lisboa: Climepsi Editores
Barkley, R. A. (1997). Behavioral inhibition, sustained attention, and executive functions: constructing a unifying theory of ADHD. Psychological Bulletin, 121, 65-94.
Imagem: Arek Socha/Pixabay

By | 2021-06-15T17:15:38+00:00 Junho 15th, 2021|Notícias|0 Comments

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